terça-feira, 20 de setembro de 2016

Crônica finalista na Etapa Escolar na OLP 2016



Relações

            Parecia tudo normal, as crianças brincando, muito barulho, um dia aparentemente lindo, o sol sorria para eles. E entre essas crianças João estava lá com um amiguinho se divertindo. Certo momento, eles foram avisados que já era a hora de guardar os brinquedos, a mãe do seu amiguinho falou:
    Garoto entra, já deu a hora.
O amiguinho responde:
- Tá mãe, já estou indo.
            Eles continuaram guardando os brinquedos e João percebeu que sua tia estava se aproximando, ela chega pra ele e fala: 
- Tua mãe morreu.
Pasmo, ele olha pra ela e responde:  
-É mentira.
Como ele já tinha acabado de recolher todos os brinquedos, João correu velozmente para a casa de sua avó. Quando chegou, viu que todos estavam calados e abatidos, apreensivo João pergunta:
-É verdade que minha mãe morreu?
Sua família se vendo na obrigação de falar a verdade, responde:
-Sim João, é verdade.
            Naquele momento, o mundo dele ficou sem sentido, ele sentou num cantinho, abaixou a cabeça e começou a pensar, pra ele tudo aquilo era estranho como as histórias de fantasmas que seus amigos lhe contavam.
            Um tempo se passou e ele foi morar com seu pai, pois seus pais eram separados, João imaginava que seria a melhor coisa do mundo, mas ele viu que não estava sendo tão bom como ele imaginava.
            No dia das mães era de praxe em sua igreja haver culto de homenagens às mães, nesse culto acontecia apresentações, filhos fazendo homenagens as suas mães, entrega de presentes. Ele estava lá, sentado, vendo as pessoas receberem suas oportunidades para as tão esperadas homenagens, João via a ansiedade dos filhos quando iam homenagear suas mães, quando estava perto do fim do culto, começou a entrega dos presentes e naquele momento ele parou, porque ele parou? Ele via todos os filhos ganhando presentes para entregá-los as suas mães e ele não ganhou, ele via as moças com os presentes vindos e passando por ele, sem ao menos perguntar se ele queria algum presente.
            No caminho de volta, todos com seus presentes nas mãos, até que uma mulher repara na mão de João e fala:
- Cadê seu presente?
Antes mesmo de João pensar em responder, outra mulher fala:
- Ele não tem mãe.
João não era muito bem tratado por seu pai em casa e como não tinha com quem desabafar, começou a escrever em um caderninho como era o seu dia, as coisas que aconteceram, o que fez, também escrevia o que escutava tanto de bom como de ruim.
            Ele cresceu e se tornou um garoto calado, que não falava o que sentia com ninguém. Mas porque ele se tornou um garoto assim? Pelas desavenças que tinha com seu pai, se via sem razões para sorrir e sentia-se sem forças para continuar. João falava que sua casa era como um inferno. Pelo fato dele ser tão calado, todos falavam que ele era antissocial sem saber o motivo dele ser assim. Seu pai reclamava muito com ele pelo fato dele não sorrir em casa, certos momentos, seu pai estressado falou:
- João me explica porque você não sorrir em casa?
Irritado com a pergunta respondia:
- Não é obrigatório sorrir todo momento.
As desavenças na sua casa continuaram e tudo aquilo o abalava mais ainda. Mas porque ele não desabafa com alguém? João tinha medo de falar demais pra quem não devia, então, preferia ficar calado.
            Certo dia, João estava sem nada para fazer e resolveu sair, ele começou a refletir, percebeu que era impossível sua relação com seu pai permanecer tão complicada, então João resolveu voltar pra casa para se resolver com seu pai. Quando ele chega em casa, a TV está ligada e seu pai sozinho, ou seja, o momento perfeito para uma reconciliação, João se aproxima e fala:
- Pai, vamos conversar?
Seu pai fala:
- Vamos filho, já passou da hora.
João com um pouco de receio diz:
- Pai as nossas brigas não estão sendo boas pra mim e acho que pra o senhor também não, enfim, quero pedir desculpas por minha arrogância, me desculpa?
Nesse momento, uma lágrima desliza sobre o rosto do pai de João, emocionado ele fala:
- Não precisa se desculpar, nós dois erramos, mas eu quero que saiba que te amo e você é muito importante pra mim, te amo filho.
João chorando responde:
- Eu também pai.
Após a conversa, os dois se levantaram e deram um super abraço.
            Graças a iniciativa de João, ele se resolveu com seu pai, esqueceram as brigas e a melhor relação entre um pai e um filho, finalmente começou a existir.

 Ruan Pablo Ferreira da Silva, 14 anos,  9º ano.

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